Aniversário da mulher, que sempre o acusava todos os anos de esquecer data tão importante… para ela. Assalariado, ele nunca ligara para datas festivas; nunca conhecera o que tivera festa de aniversário, Natal, fim de ano, privilégios que pobre não conhecia. Para aliviar o mau humor dela, ele pensava como conseguiria comprar um presente, qualquer presente, com os minguados trocados do biscate que acabara de fazer. Passando em frente à Casa da Cultura, cheia de lojas de artesanato: Era ali! Andou, rebuscou, cutucou, e viu uma sacola de jeans com alça de madeira com um preço de graça! Com o presente debaixo do braço, passou numa livraria e comprou um papel de presente bonito. Entrou num bar, alugou uma mesa com cerveja e caprichou no embrulho, tomando o caminho de casa.
– Que porcaria de presente é esse? Isto é sacola de empregada doméstica! – e a mulher atirou o presente no canto da sala.
Ele atirou outra coisa na cara da mulher. E não foi um objeto qualquer: cumpre 20 anos de cadeia por isso!