::::: Literatura virtual : 10 contos de rés :::::

Manchete do Jornal de Pernambuco: “MENOR MORRE QUEIMADO EM DELEGACIA!”. Na terceira página, em destaque, um anúncio convidava a ganhar 100 dólares por semana. O que tinham a manchete e o anúncio em comum?  Domingo, fim de tarde, o jogo do Brasil nas ruas, nos bares, nos cinemas vazios e até naquela Delegacia afastada do centro da cidade. Peixinhos, bairro da cidade de Olinda, vizinha à cidade do Recife, ranço de cidade dormitório, dependências com móveis e paredes caindo aos pedaços, modelo vivo de qualquer delegacia nesse país . Ninguém se importava com a sujeira, ou pelo menos, já se acostumara tanto com isso, que nem dava mais importância. Melhor, já fazia parte da estrutura normal de um órgão público. Olhos grudados na tela da TV, o plantão corria solto. Nas celas, os presos esticavam o ouvido, imaginando as cenas do Brasil em campo, lá nos Estados Unidos… Enquanto o plantão de domingo corria na vibração dos policiais escalados, o Doutor Delegado se divertia de outra maneira: nos fundos do prédio o policial do alto escalão da polícia pernambucana torcia, sim, o braço de um menor desdentado, feio e seminu. Os seus gritos se confundiam com a animação na sala da frente. Quem passava próximo aos fundos da Delegacia, achava arretado os gritos pensando se tratar da mais pura demonstração de emoção de torcedores fanáticos! O garoto franzino (pivete, para melhor esclarecer), tinha pisado mais que nos calos do Doutor Delegado: foi nos pés e mãos de Magdale, a morena roliça e de bumbum arrebitado que vendia frutas e verduras na feira, xodó do nosso policial (a morena, não a feira!). João Leno, batizado pelo pai semi-analfabeto mas fanático fã de John Lennon, portava uma magreza de 15 anos da fome curtida nas marés de Olinda e ainda umas 100 gramas de maconha, erva maldita somente para os fudidos e perseguidos da lei.  Para os moradores do bairro, João Leno fôra pego em flagrante tentando roubar o vídeo cassete de Dona Magdale: os bandidos tinham conseguido passar o aparelho, não se sabe como, através das grades da sala, sob as vistas de Magdale, que trancou os olhos em cima de uma doze de dois canos que o tal João Leno apontava bem para o umbigo da dita cuja (a Magdale) pelo lado de fora da sala. Bem, pelo menos essa era a versão que todos ouviram, enquanto o Doutor Delegado cobria de cacete João Leno, mesmo após recuperar o vídeo cassete. Parece que a história envolvia algum cacete ou cassete que o valha, pois era verdade sim que houvera um flagrante: Doutor Delegado surpreendera João Leno em cima de Dona Magdale, ofendendo os briosos cornos do famigerado homem da lei e seu amante ! Voltemos, pois, aos fundos da Delegacia, onde o nosso altivo policial se privava de assistir a labuta dos nossos jogadores e metia o pau em João Leno. Na sala da frente, os policiais diziam que o Doutor Delegado era mesmo um Caxias: Até mesmo no jogo do Brasil, de quem era fanático torcedor, cumpria o dever de policial! Doutor Delegado, de nome Jota Bezerra, tava dando uns telefonemas nos ouvidos de João Leno, através das volumosas mãos de policial de 120 quilos e l,80 de altura. Os ouvidos só viviam ocupados! No dia seguinte, ao lado da Manchete da vitória do Brasil sobre os americanos, as letras garrafais: PIVETE QUEIMADO VIVO NA DELEGACIA DE PEIXINHOS! Prato cheio para a imprensa marrom, colorida e branco e preto! – Que merda, Bezerra, fazer isso numa delegacia? – protestava o Secretário da Segurança Pública, colega de faculdade e grande amigo. – Logo agora, que a gente está numa boa com a imprensa, o senhor me faz isso? Ainda bem que está todo mundo ligado na Copa, senão a merda ia cobrir tudo!  – Oswaldo… Foi um acidente… – Doutor! Doutor Oswaldo! Seu porra, aqui quem fala, agora, é o seu chefe. Não posso continuar sendo seu amigo se você continua fazendo merda! – Eu explico, Doutor Osvaldo, foi um imprevisto. O garoto… – Acidente, imprevisto, o diabo! Não podia ter acontecido na delegacia. E com um menor de idade? Imagine o que o pessoal dos direitos humanos vai fazer! – Logo, logo fica esquecido! – Esquecido uma porra, seu filho da puta! Me ligaram agora da TV. Vai sair no Jornal Nacional! Como é que eles entraram e filmaram o menino? – Não sei. O senhor sabe que a delegacia é perto da estação de TV… – O Governador me ligou de madrugada, dizendo que o líder da oposição vai pedir a minha cabeça… – faz uma pausa, lembrando – Ainda bem que dessa vez eu estava em casa… E, afinal, o que o garoto fez? – Ele arrombou a casa da minha namorada… – Qual delas? – A de Peixinhos… – Sim, a Magdale!? – Você… O senhor a conhece? (O Secretário fica calado). Bem, arrombou a casa de Magdale e levou o vídeo cassete, com ajuda de um colega. – Sim… E como explica queimar o garoto? – Bem, o garoto não queria falar onde estava o colega dele nem o vídeo cassete, e aí, não sei como, apareceu aquela garrafa de álcool, o fósforo. Justo num momento de raiva. O garoto morreu calado, queimando todinho! – E o vídeo cassete e o colega? – Eu… Porra, Oswaldo! Assim não dá. Foi uma merda que fiz e pronto. Quantas a gente não fez, juntos, em nome dessa porra do governo, hein? – Ok, ok, vamos tentar abafar isso aí, agora, cabeça por cabeça que tiver de cair, vai ser a sua, oferecida de bandeja para o Governador. Afinal, amigos, amigos, política à parte. – Grande amigo! – Cai fora! O bairro do Alecrim, em Natal, tem uma espécie de comércio árabe brasileiro, seja lá o que for isso: uma grande feira livre visitada por toda a periferia da capital. De noite, aquele movimento feérico de corredeiras velozes vira um lago de águas paradas. Tudo impessoal, vazio, monótono, as ruas escuras. Vai todo mundo para o litoral, para os barzinhos modernos ou bodegas folclóricas. É um vira-pra-cá-mexe, especialmente nas noites de sexta e sábado. Carlos Mesquita morava no Alecrim. Moreno claro, ainda imberbe nos seus 20 anos, morava de favor na casa dos tios, por motivo de sua terra natal, Mossoró, não oferecer oportunidade de trabalho. Os dias passados em Natal eram as férias que nunca teve, enquanto esperava o início das aulas da tão esperada faculdade em Recife. Esses parentes de Carlos, pra lá de 2º ou 3º grau, não eram assim tão chegados. Toleravam aquele matuto. Ele que se cuidasse de não fazer extravagâncias na casa muito familiar… Extravagância, imaginem só, era chegar depois das dez da noite ou voltar com cheiro de bebida em qualquer hora do dia ou da noite.  Por pobreza ou não, o que se sabe é que Carlos Mesquita se meteu a estudar para o vestibular de Administração em Recife, pensando em ser um grande executivo na capital do Nordeste. Estudou, viajou, provou, passou, voltou e agora aguardava a volta para começar o tão esperado… Curso Superior! Assim tão cheio de esperanças, Carlos aportou na nova rodoviária ao lado do metrô (que ele ouvira falar que era por debaixo do chão, mas, que em Recife, estranhamente, nunca entrava terra a dentro!). Cheirando a novo (calça, camisa e tênis), roupa de viagem ou de domingo, o negócio agora é ir em frente. Com um dinheirinho na mão, economias dos seus velhos, Carlos foi à procura de um pensão lá pelos lados do bairro da Boa Vista. Ria por dentro, pensando nos pais que queriam ver o filho Doutor, tal e qual dois tios: um era Juiz e outro Advogado. O difícil foi convencer os pais que Administrador de Empresas era também outro tipo de Doutor… Carlos ficou foi contente quando viu que a tal pensão, no tal bairro da Boa Vista, mesmo não tendo uma boa vista, ficava quase no centro da cidade e… perto da praia. Claro! Afinal, nasceu e morou até a adolescência em Mossoró, com a mais próxima praia a 200 km! Instalado, ainda era cedo: talvez desse para conhecer a famosa praia da Boa Viagem ainda hoje! E se lembrou da brincadeira do pai, quando lhe mostrara o mar pela primeira vez, em Pirangi do Norte, uma praia ao sul de Natal: “É igual à Lagoa do Icó. Você segue aqui em frente pela margem à direita, dá uma volta e aparece aqui, do lado esquerdo. Só que nesse mar, você não pode fazer isso. É grande demais!” E Carlos ficava de boca aberta; não dava pra ver a margem do outro lado! “Um lago grande, pai!”  Foi com essa lembrança, recostado na cama de solteiro do quarto onde mal chegara e nem arrumara as suas coisas ainda, que adormeceu, esquecendo inclusive que iria para a praia de Boa Viagem. Rindo. Tarcísio Marques é o Diretor Superintendente do Montepio da Grande Família Brasileira, empresa privada de aposentadorias e pensões, devidamente autorizada pelos Governos Federal, Estadual e Municipal, como bem atesta um certificado em letras góticas numa moldura pendurada na parede da sala principal. Outros certificados ornamentam a parede da sua sala: Melhor Empresa, Maior Empresário, Qualidade Total; todos daqueles tipos de certificados bonitinhos mas ordinários, vendidos por certas empresas de pesquisas, picaretas, espertíssimas em explorar a vaidade de certos empresários… feito seu Tarcísio! Mas Tarcísio sabia que aqueles certificados eram de mentira, mas que impressionavam os seus clientes, tolos o bastante para se associarem ao Montepio. Ele mesmo já possuíra uma empresa daquelas e fabricara pesquisas de opiniões ao sabor do momento e do cliente. Agora tava ali: um grande negócio que consistia em vender sonhos. Gastar pouco e ganhar muito. Todo mês. E sabia que não podia demorar muito vendendo o seu produto, pelo menos até chegar o primeiro dia de pagar a primeira aposentadoria ou pensão! E daí que aqueles funcionários públicos ou privados, velhinhos ou não, comprassem mais de um carnet pensando em complementar a aposentadoria oficial e acreditassem ter um fim de vida tranquilo?  Não ousassem duvidar da integridade do Montepio da Grande Família Brasileira!. Um tal Instituto Nacional dos Montepios Brasileiros, garantia o cumprimento das normas, regulamentos e determinações do setor! Tudo dentro da lei! Ah! Ah! Ah! Além do mais, aquela tarja verde e amarela, abaixo das marcas da República avalizava a seriedade do empreendimento. E o escritório? Acarpetado, com ar condicionado, funcionários educados e gentis, cafezinho, água mineral, móveis bonitos, quadros lindíssimos. Claro que davam um ar de legalidade e seriedade! Ah! Tarcísio ria dos – como era mesmo? – meus clientes! Que aguardassem as pensões e aposentadorias… Ele pensava isso enquanto folheava o Diário do Comércio: “DELEGADO QUEIMA MENOR!” – “Delegado idiota! Queimar, só esse dinheiro numa boa, que eu faturo aqui!” Lendo o jornal, encontrou o seu anúncio de 1/4 de página, letras vazadas em branco sob um fundo preto: “GANHE CEM DÓLARES POR SEMANA”. Chamativo mesmo! Tentador, riu. – Doutor Tarcísio, posso mandar entrar o rapaz? – Claro, claro! Carlos Mesquita entrou sério e saiu feliz. De primeira arranjou um bom emprego: 100 dólares por semana. Dava pra pagar comida e roupa lavada, se divertir e ainda mandar um dinheiro para os velhos. Bastava fazer umas visitas, umas pesquisas, mostrar uns carnês e receber a grana no fim da semana. As aulas já tinham começado pela manhã e poderia trabalhar só no expediente da tarde! Moleza. E assim passaram oito semanas… – Doutor Tarcísio, aquela rapaz de Natal, taí de novo, reclamando. Posso mandar entrar? – Mas claro, claro. (Pausa) E aí rapaz, o que foi que houve? – Quero receber meu dinheiro. Já são oito semanas e não recebi nada. Ficam me enrolando, que tenho que fazer umas não sei o que cotas, que na próxima semana vai sair, tem que assinar um cheque e nada, até agora. – Olha, senhor Carlos. Primeiro, baixa a crista. O senhor assinou um contrato que está claríssimo. O senhor ganhará 100 dólares pelas vendas de 10 carnetts, está escrito aqui. – Que vendas? Disseram que era para fazer pesquisas. Aliás, não quero saber, quero meu dinheiro. Não foi isso o que o seu gerente me falou. Que iria ganhar 100 dólares… – …O senhor é mesmo um besta! O senhor pensa que 100 dólares caem do céu assim, tão fácil? Tem que trabalhar, cara! Pelos nossos cálculos só lhe devemos 20 dólares referente a apenas dois, dois carnês que o senhor vendeu. Descontando a taxa de inscrição, fica 5 dólares líquidos. Isso que lhe devemos. Passe no caixa e fora! – Eu volto pra receber meu dinheiro! – Ah! Vá se foder! Carlos sai desesperado. Devendo a pensão, o restaurante da esquina, se endividara pensando no dinheiro que iria ganhar. Foi contar com o ovo no cu da galinha… Encrencado, não sabia o que fazer. Mas… iria receber o seu dinheiro, ah, isso iria sim!  Passou no quarto do colega de pensão e pediu emprestado um velho revólver Rossi, calibre 22, sete tiros, carga dupla. – Pra quê? – perguntou o amigo. – Praticar tiro ao alvo – justificara. – Ganhei umas balas de presente. Carlos entrou decidido no escritório do Montepio, l5º andar do edifício Duarte Coelho, às margens do Rio Capibaribe, em pleno centro da cidade.  15 horas da tarde. – Boa tarde, seu Carlos!  Carlos puxa o pequeno revolver niquelado e não joga conversa fora: – Todo mundo pro banheiro! Cadê seu Tarcísio? – Tá…Tá ali na sala… Ca-calma seu Carlos, não precisa fazer isso – são as palavras trêmulas do gerente, que faz menção de abrir uma gaveta. Carlos, repentinamente mais esperto, se adianta e abre a gaveta: uma automática 7mm de 15 tiros que permite mais uma bala na agulha. Observa a beleza de pistola, verifica se está perfeita. Deve estar.  As funcionárias e o gerente são trancados numa pequena copa (no banheiro não cabiam todos). Empunhando as duas armas, surpreende Tarcísio, sala adentro: – Muito bem, seu Tarcísio, vim buscar meu dinheiro. Tarcísio leva um susto e interrompe a leitura no computador: – Qué isso, seu Carlos. Pra que tudo isso, vamos resolver com calma?! – Eu quero meu dinheiro! – Você é mesmo um idiota! Não vai conseguir porra nenhuma, dessa maneira. – Parece que o Tarcísio não acreditava mesmo no rapaz… Enquanto isso, uma das secretárias começou a pedir ajuda escrevendo socorro em guardanapos de papel que jogava pela janela do 15º andar. Biu da Chave, que tem um box ao lado do prédio, observava os papéizinhos voando: Tem algum vadio brincando de confetes. Olha quanto papelinho. Gente que não tem o que fazer… Finalmente, alguém pega um dos papéis e mostra para Biu: – Tem alguém fazendo uma brincadeira de mau gôsto! Olha só o que escreveram: “Socorro, Chamem a polícia, estamos sendo assaltados! 15º andar, sala 1515”. – Rapaz, não é brincadeira não. Vamos chamar a polícia. – Olha um carro da polícia ali! Justamente naquele momento, o Doutor Jota Bezerra, com um carro da Delegacia, contornava o engarrafamento pela ruazinha estreita ao lado do edifício Duarte Coelho. O pessoal da rua lhe parou e mostrou os bilhetes. Ele sacou que aquilo poderia ser verdade. Taí uma boa oportunidade para aparecer na mídia. Resolver um assalto na unha! Dr. Jota, com mais dois policias, seguem até o 15º andar. No corredor, nada de estranho. A sala 1515 estava fechada. A porta de vidro travada. Um tiro! Mais Tiros! – Filho da puta é o senhor. Me dê meu dinheiro, seu porra. – E Carlos, excitado, descarrega o 22 na cara do Tarcísio, que fica com olhos arregalados, enquanto pequenos furos imperceptíveis marcam o rosto. Cai encostado na parede, apoiado na cadeira giratória. Na copa, o desespero. O que aconteceu? Carlos está atordoado. Como tudo começou? Olha pro pequeno revólver niquelado. Abre o cilindro… Puxa! Disparou os sete tiros! Olha pro “seu” Tarcísio. Quase não sai sangue dos pequenos buracos no rosto. Alguns projéteis atingiram a parede decorando-a com marcas de sangue. O corpo ainda tremia… Carlos volta para a sala, abre a porta e olha para a outra porta de vidro da entrada. Tem um cara gordão, alto, lhe olhando, com alguma coisa preta na mão. Ouve um som pesado, a porta de vidro se desmancha toda. Carlos usa a pistola, atira na direção da porta e se retira, para dentro da sala. O vulto gordão tem dois companheiros, que atiram e recuam em direção à escada do prédio. Carlos atira novamente. O gordão é o último a descer as escadas. Carlos vai até a escada, o gordão atira. Carlos atira também. O gordão dá as costas para continuar descendo e recebe três tiros, um deles é fatal. Quem poderia errar um volume daquele? Carlos vê o gordão cair feito saco de batatas no fim da escada, soltando uns sons esquisitos pela boca e pára, imóvel. Alguém grita: – Filho da Puta! Matou o delegado pelas costas!  – Estás fudido, cara! Santa Mãe de Deus. O cara é um delegado! Estou mesmo lascado! – pensa Carlos. Corre. Volta para o escritório. Volta à mesa do gerente. Descobre e apanha mais balas e outro carregador da automática. Aprende, rápido, a remuniciar a arma! – Tenho que descer. – Carlos sai da sala e vai até a janela, para examinar melhor a situação.  No COPOM, os chamados não param: “Todos os carros que estão no centro, se dirijam ao edificio Duarte Coelho! Marginais fortemente armados assaltaram o prédio do Cine São Luiz.” Vários carros das polícias civil e militar cercam o prédio. Fecham as ruas perimetrais. Mais de dez quarteirões são fechados. O trânsito vira um inferno. Pipoqueiros, sorveteiros, inclusive profissionais liberais, empregados, desempregados e desocupados, compõem a multidão.  Um carro de uma rádio local encosta e faz uma transmissão ao vivo. Uma estação de TV também já montou sua transmissão móvel:  – Estamos aqui, ao vivo, transmitindo diretamente das imediações do edifício Duarte Coelho. Segundo informações do comando da polícia, vários marginais invadiram um escritório de uma seguradora do 15º andar e tiveram o assalto frustrado. Um policial foi morto e outro ferido. As opiniões se dividem: – Os caras mataram o dono da firma e dois policiais. Os bandidos estão encurralados no último andar. – A tropa de choque já está chegando e impediu a fuga. – Eu vi quando eles chegaram… Versões, fatos, versões dos fatos. Carlos estava numa pior. Ouviu as sirenes, a tropa de choque chegando com os escudos e coletes à prova de bala. Da janela do corredor salta um policial armado até os dentes, mas deu azar. Carlos atirou à queima-roupa, correndo para os andares de cima, subindo os degraus de três em três lances. No último andar, não teve alternativa. Vendo o telhado do cinema, uns cinco, seis andares abaixo, pulou! Atravessou as telhas de amianto, caindo em cima do fôrro estucado, quebrando uma perna. Ficou quieto, aguentando a dor. – Ele caiu em cima do cinema. Vamos lá. – Vários policiais da tropa de choque encararam: iam pegar o filho da mãe que matara dois colegas! Dez, quinze policias, invadem o forro. Dezenas de tiros de pistola, escopeta e metralhadora são ouvidos. No dia seguinte, as manchetes no Diário do Comércio e Jornal de Pernambuco, revelavam: “BANDIDO DO MONTEPIO É MORTO! POLICIA VINGA COLEGAS! ASSASSINO É MORTO PELA POLICIA!” Fim do caso do terrível Bandido do Montepio…


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