MEMORIAL

Breve história do teatro pernambucano
| Teatro Santa Isabel | Teatro Barreto Junior | Teatro do Parque | Teatro Apolo | 
TEATRO SANTA ISABEL A idéia de construir um teatro público no Recife foi do então presidente da província de Pernambuco, Francisco do Rego Barros, Barão, Visconde e depois Conde da Boa Vista. Em 30 de abril de 1839, ele assinou a Lei número 74, autorizando a construção de um teatro público para a cidade. A Província não dispunha, na época, de profissionais qualificados, como engenheiros e arquitetos, nem sequer pedreiros ou carpinteiros especializados. Os poucos engenheiros que existiam tinham formação militar. Para viabilizar o seu projeto de Governo, Rego Barros promoveu a vinda de inúmeros profissionais europeus, engenheiros, matemáticos, técnicos e operários, entre eles, Louis Léger Vauthier, o engenheiro responsável pela execução do projeto do novo teatro, que chegou ao Recife, em setembro de 1840. O primeiro projeto elaborado por Vauthier, cujo orçamento era de 400 contos, foi rejeitado devido ao seu alto custo. O projeto definitivo, estimado em 240 contos, foi aprovado em fevereiro de 1841, sendo as obras iniciadas no mês de abril. O local escolhido foi o então chamado Campo do Erário, onde só havia areia. Atualmente é a Praça da República. Durante todo o período de construção era chamado de Teatro de Pernambuco. Só pouco antes da sua inauguração, em 18 de maio de 1850 o seu nome foi mudado para Teatro de Santa Isabel, em homenagem à Princesa Isabel, filha do Imperador Pedro II. A sugestão para a homenagem partiu do então governador da Província de Pernambuco, Hermeto Carneiro Leão. A peça apresentada no dia da inauguração foi O pajem d`Aljubarrata, do escritor português Mendes Leal. O Teatro de Santa Isabel era a grande casa de espetáculos da cidade, lugar de divertimento, convivência social e também de exercício da cidadania. Segundo Joaquim Nabuco, foi no Santa Isabel que se ganhou a causa da Abolição, referindo-se a seus discursos e eventos lá realizados. No século XIX, as companhias que se apresentavam no Teatro Santa Isabel eram, na sua maioria, administradas por empresários, que firmavam contratos por longas temporadas. O Teatro também recebia companhias líricas estrangeiras, entre as quais, a Companhia Lyrica Italiana G. Marinangelli, que apresentou a ópera La traviata, em 1858. Em 1859, o Teatro recebeu seu mais ilustre convidado, o Imperador Pedro II, que visitando as províncias do Norte, passou seu aniversário no Recife e foi homenageado com um espetáculo de gala no Santa Isabel. No dia 19 de setembro de 1869, o Teatro foi quase que totalmente destruído por um incêndio, que deixou de pé apenas as paredes laterais, o alpendre e o pórtico, sendo construído, em madeira, como uma substituição temporária, no Campo das Princesas, o Pavilhão Santa Isabel. Foi uma grande perda, mas a sua reconstrução trouxe importantes modificações: a colocação de uma estrutura de ferro para suportar os camarotes, modificações na decoração e um prolongamento do corpo central do edifício, entre outras. A orientação vinha de Louis Léger Vauthier, que mesmo estando em Paris, teve as suas recomendações respeitadas pelo engenheiro José Tibúrcio Pereira de Magalhães, responsável pelas obras de reconstrução do Teatro. O Santa Isabel foi reinaugurado no dia 16 de dezembro de 1876. Em 1916, no governo de Manoel Borba, houve mais uma intervenção com a instalação de luz elétrica, reforma total da canalização de gás, substituição do pano de boca por um importado da Inglaterra e reparos gerais de conservação do prédio. Em 1936, também houve novas reformas gerais, assim como as que foram feitas por ocasião do seu centenário, em 1950, quando era governador de Pernambuco, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, Moraes Rego, prefeito do Recife e Valdemar de Oliveira, o diretor do Teatro. O Santa Isabel pertenceu ora ao Estado ora ao Município. A partir de 1949, no entanto, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como propriedade da Prefeitura do Recife. Houve ainda obras de restauração nos anos de 1970, 1977 e entre 1983 e 1985 inúmeros benefícios foram realizados no Santa Isabel. Em 2000 foi iniciada uma outra reforma que exigiu intervenções para assegurar a preservação do prédio, retomar algumas feições originais, dar mais segurança aos seus freqüentadores e mais espaços e recursos para a realização dos espetáculos. Dessa última reforma, a Fundação Joaquim Nabuco participou, através do trabalho de técnicos do seu Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte – Laborarte. Fontes consultadas: ARRAIS., Isabel Concessa. Teatro de Santa Isabel. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000. BORGES, Geninha da Rosa. Teatro de Santa Isabel: nascedouro & permanência. Recife: Cepe, 2000.

TEATRO Santa Isabel: documentos para a sua história: 1838-1850. Recife: Prefeitura Municipal. Diretoria de Documentação e Cultura, 1950

(texto original da www.fundaj.gov.br)

Teatro Barreto Júnior Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n – Pina Com o fechamento de várias salas de cinema nos bairros do Recife, muitas pessoas perderam uma opção de divertimento cultural. Muitos destes cinemas foram demolidos ou encontram-se em ruínas. Um destino diferente teve o Cine-Atlântico, no Bairro do Pina.

Depois de desativado o espaço foi comprado pela Prefeitura ao grupo Luiz Severiano Ribeiro, em 1985. E com os trabalhos do arquiteto Erick Permann, o velho cinema transformou-se no Teatro Barreto Júnior, tendo sua fachada original preservada. Somente a partir de outubro de 1985, foram iniciadas as obras de restauração e construção do Barreto Júnior. E finalmente, a 30 de dezembro daquele ano, o primeiro teatro da Zona Sul da Cidade foi entregue a população, com a encenação do esptáculo Festança, do Mamulengo Só-Riso. Assim quase se cumprir o sonho do velho ator José do Rego Barreto Júnior; o de ter um teatro em Boa Viagem

(fonte: www.recife.pe.gov.br).   

Teatro do Parque Rua do Hospício, 81 – Boa Vista Construído pelo comerciante português Bento de Aguiar, que investiu 200 contos de réis e entregou a decoração da casa aos pintores Henrique Elliot e Mário Nunes. O prédio, todo em art-nouveau, foi cuidadosamente projetado para oferecer mais conforto ao público de uma cidade tropical. Em 24 de agosto de 1915 o Teatro do Parque foi inaugurado com a apresentação da Companhia Portuguesa de Operetas e Revistas. Grandes companhias brasileiras passaram pelo palco do teatro, como as de Vicente Celestino e Alda Garrido, e as primeiras peças da parceria Samuel Campelo – Valdemar de Oliveira. Na época do cinema mudo, os filmes eram acompanhados por músicos que, depois, fizeram nome, como o maestro e compositor Nelson Ferreira. Teatro do Parque fez parte também da consagração do cinema falado. De 1929 a 1959, o espaço foi arrendado ao grupo Luiz Severiano Ribeiro e lançava filmes da Disney e chanchadas brasileiras. Mas, graças a pressão da classe teatral, o prefeito Pelópidas da Silveira o desapropriou e promoveu uma reforma completa. A reinauguração aconteceu em 13 de setembro de 1959, com a peça Onde Canta o Sabiá, com direção de Hermilo Borba Filho. Em 1973, um convênio entre a gestão municipal e o Instituto Nacional de Cinema, o Parque foi transformado no primeiro cinema educativo permanente no Brasil.

Teatro do Parque hoje abriga a Banda da Cidade do Recife e continua promovendo sessões de cinema a preços populares, iniciativa elogiada nacionalmente. Seu palco continua aberto a apresentações de artes cênicas e música, e o jardim e o hall abrigam exposições das mais diversas

(fonte: www.recife.pe.gov.br).

TEATRO APOLO Nos meados do século XIX, surgiram no Recife várias sociedades formadas por atores amadores, que programavam representações e tentavam construir boas casas de espetáculo, buscando acompanhar a expansão e as transformações da cidade, além do interesse da sociedade pernambucana pela arte de representar. Uma das mais importantes foi a Sociedade Hamônica Teatral, depois denominada de Philo-Thalia, fundada no dia 23 de junho de 1833, por destacadas figuras da vida política e social de Pernambuco. Sua meta principal era a construção, no bairro do Recife, do Teatro Apolo.  Construído entre os anos de 1835 e 1840, o teatro só foi inaugurado no dia 19 de dezembro de 1946, com a encenação da peça O Mouro de Ormuz e os elogios da imprensa local sobre a arquitetura do prédio. Situado na Rua do Apolo, ex-Visconde de Itaparica, n. 121, o edifício, cuja construção esteve suspensa por algum tempo, foi edificado a partir de desenhos criados pelo arquiteto e pintor carioca Joaquim Lopes de Barros Cabral e Teive, formado pela Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em estilo neoclássico, típico do século XIX, possui uma fachada de mármore de Lisboa com um brasão da Sociedade Harmônica Teatral esculpido em pedra de lioz. Dispunha de 216 lugares e possuía uma bela decoração interior. Infelizmente, não teve vida longa como casa de espetáculos. Em 1850, o governo provincial inaugurou o Teatro Santa Isabel, mais amplo e sofisticado que passou a ser o preferido dos recifenses. Aos poucos, o Teatro Apolo entrou em decadência e terminou por fechar suas portas em 1863. Em 1864, foram a leilão seus últimos objetos: “cinco sofás amarelos, oito consolos de pedra mármore, dois de jacarandá, trinta cadeiras de jacarandá, quatro estofadas, 184 mochos de palhinha, 24 sem encosto, oito estantes de música, quatro grandes estrados, oito cadeiras de couro, três lustres, 19 arandelas com mangas”. Durante mais de um século, o prédio foi mutilado e utilizado inadequadamente como armazém e depósito, até ser restaurado como casa de espetáculos e reinaugurado no dia 12 de maio de 1982. A reforma foi executada pela Prefeitura da Cidade do Recife, através da Urb – Empresa de Urbanização do Recife e pela Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, através da Fundação Pró-Memória. Reconstruído interiormente, foram mantidas as linhas externas e sua fachada foi preservada. Possui acomodação para 396 espectadores, sistema de ar condicionado, som e luz frontal, camarins, platéia em dois planos e palco móvel. Assim como o Teatro do Parque e o Santa Isabel, a direção do Apolo atualmente está a cargo da Fundação de Cultura Cidade do Recife. Fontes consultadas: FIGUEIRÔA, Alexandre. O teatro em Pernambuco. [Recife]: Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, [s.d.] 109p.  MONUMENTOS testemunham parte da história. Cadernos Urbanos Recife, Recife, n.8, jun. 1992. SOUSA, Alberto. O classicismo arquitetônico no Recife imperial. João Pessoa: UFPb.Editora Universitária; Salvador: Fundação João Fernandes da Cunha, 2000. p.41-43.

O VELHO Apolo volta à cena. Confidencial Econômico Nordeste, Recife, v.13, n. 5, p.35, maio 1982

(texto original da www.fundaj.gov.br).