Entre os anos de 1953 e 1957 fez o Curso Ginasial no Colégio Coração Eucarístico de Jesus, Recife. O Científico foi realizado no Colégio Vera Cruz entre 1958 a 1961. Freqüentou, durante 4 anos, a Aliança Francesa, alcançando o curso de Nancy. Adquiriu fluência na língua e bons conhecimentos da literatura francesa. Durante estes anos de formação básica demonstrou especial interesse pela História e pela Literatura Em 1961 fez o vestibular para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, aprovada em 7º lugar. Obteve o grau de Médico em 1966, sempre com notas destacadas em todas as disciplinas cursadas. No período de internato fez estágios oficiais em Clínica Médica (aprovada com nota 9 ); Pediatria (nota 9) ; Psiquiatria (nota 10). Em 1963, cursando o 3º ano médico, foi contemplada com uma bolsa de estudos concedida pela Associação Universitária Interamericana para Seminário na Universidade de Harvard sobre “VIDA E INSTITUIÇOES NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA”. Neste mesmo ano realizou estágio na Cadeira de Bioquímica e, em seguida, em Fisiologia, passando a interessar-se, particularmente, pela Neurofisiologia. Já em 1964 recebeu Bolsa de Estudos concedida pelo Conselho Nacional de Pesquisas e apresentou o trabalho ASPECTOS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR NO BRADYPUS TRIDACTILUS (publicado em Neurobiologia. Recife, 38 (1), 75-78. Jan. mar.1975) no Congresso Médico Estadual, tornando-se sócia efetiva da SOCIEDADE DOS INTERNOS DOS HOSPITAIS DO RECIFE. Desenvolveu também atividades docentes enquanto monitora de Neurofisiologia. Em 1965 foi classificada em 1O lugar em Concurso para Acadêmico Interno da Secretaria da Saúde do Estado, passando a trabalhar no Manicômio Judiciário. Neste mesmo ano, recebeu o Prêmio Carlos Erba pelo trabalho INTELIGÊNCIA, PSICOPATIA e CRIMINALIDADE. Em 1966, voltou a ser agraciada com o mesmo prêmio com a pesquisa CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS INFLUENCIAS CULTURAIS SOBRE A CRIMINALIDADE EM PSICOPATAS, publicada posteriormente (Neurobiologia. Recife, 31 (189-198)- dez. 1968.). Ambos os trabalhos foram apresentados em congressos estaduais. CURSOS DE POS-GRADUAÇÃO Durante os anos de 1967 e 1968 fez estágio como médica voluntária na Clínica Psiquiátrica da Universidade Federal de Pernambuco. Iniciou, então, sua carreira como Professora Universitária passando a ensinar no Instituto de Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco, Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia do Recife e Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco nomeadas Professora Assistente da Cadeira de Psiquiatria e Psicologia Médica, sob a regência do Professor José Lucena. Em 1969 iniciou sua residência psiquiátrica no St. Lawrence Community Mental Health Center, Michigan, Estados Unidos. Em fevereiro de 1970 obteve o certificado do Educational Council for Foreign Medical Graduates, conferido pela American Medical Association, Association of American Medical Colleges, Association for Hospital Medical Education e Federation of State Medical Boards of the United States, após exame específico e provas de suficiência em língua inglesa. Entre 1970 e parte de 1971 cursou a Residência Psiquiátrica da Michigan State University (Pontiac State Hospital), programa oficial aprovado pelo American Medical Association, Council of Medical Education e American Psychiatric Association. Em 1972 obtém o título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Médica Brasileira e Associação Brasileira de Psiquiatria ATIVIDADES MÉDICAS Em julho de 1972 prestou concurso público para o cargo de Professor Auxiliar de Ensino do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco, sendo aprovada em 1O lugar. Desde 1967 exercia o cargo de Médica Psiquiatra do Instituto Nacional da Previdência Social, passando a partir de 1980 a ocupar o cargo de Supervisora e posteriormente Auditora de Psiquiatria. Em 1978 submeteu-se a Concurso Público para o cargo de Professor Assistente do Departamento de Neuro-Psiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), classificada em 1O lugar. Desde então concentrou suas atividades didáticas no exercício do magistério junto a mesma. Durante o período dedicado ao ensino superior participou amplamente das atividades científico-culturais de sua profissão. Segue-se uma relação de alguns de seus trabalhos publicados: • PRIMEIROS RESULTADOS DE UMA PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE SAUDE MENTAL ENTRE UNIVERSTÁRIOS DE PERNAMBUCO. Neurobiologia, 33. Junho, 1970 (Col. Othon Bastos) • ESTUDO ESTATÍSTICO DAS CORELAÇÕES ENTRE O NÚMERO DE INTERNAÇOÕES, DIAGNÓSTICO E INTERVALO DE TEMPO ENTRE AS INTERNAÇÕES PSIQUIÁTRICAS. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. Vol. 1, no 1e2, Jan. Jun. 1970. • CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMULAÇÃO DE UMA COMUNIDADE TERAPÊUTICA EM CLINICA UNIVERSITÁRIA. Neurobiologia. Recife, 38(1), 75-78, Jan-Mar., 1974. • PSICOTERAPIA HOSPITALAR. Neurobiologia. Recife, 38 (2), 189-198, abril-junho, 1975. • COMUNIDADE TERAPÊUTICA: ASPECTOS CULTURAIS. Subsídios Psiquiátricos no. 5, 1975. • REINSERÇÃO SOCIAL DO PACIENTE ESQUIZOFRÊNICO. Suplemento Especial de Neurobiologia. Recife, 39 no. 4, out-dez.1976 • ESBOÇO DE UM PERFIL ATUAL DO PSIQUIATRA PERNAMBUCANO. Revista da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ano 1, vol. 1 e 2, junho, agosto, 1972 (Col. Othon Bastos). • ASPECTOS PSICOSSOMÁTICOS DA OBESIDADE. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, Vol. 24, no. 1, jan, 1980 • EM BUSCA DE UMA COMPREENSÃO DO TRABALHO TERAPÊUTICO DOS ALCOOLICOS ANÔNIMOS. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, vol. 29, no. 4, Julho-agosto, 1980. Reimpresso nos Anais do XIV Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental; Vivência vol. VI, no. 1, jan-jun, 1980 ; Arquivos da Clínica Pinel, vol. V, no. 4, dez, 1979. • OS PADRÕES DE INTERAÇÃO FAMILIAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA TEORIA DA ESQUIZOFRENIA. Neurobiologia, 43 (1): 63-74,Jan-Mar. 1980. • UMA VISÃO CRÍTICA DO ESTADO ATUAL DO TRATAMENTO DAS ESQUIZOFRENIAS. Anais do XIV Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental. Vivência, vol. VI, no. 1, jan-jun. 1980. • SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE BENZODIAZEPINAS. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O USO DOS BENZODIAZEPÏNICOS EM UMA CLÍNICA UNIVERSITÁRIA E EM OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS. Roche 16-17, 1980. Reimpresso em Vivência, vol. VI, no. 1, 122-141,1980 ; em Diálogo Médico, Ano 7, no. 1., e em BENZODIAZEPINES TODAY AND TOMORROW. COMPARATIVE STUDY OF THE USE OF BENZODIAZEPINES IN A UNIVERSITY CLINIC AND PUBLIC AND PRIVATE SERVICES (et alli). Edited by R.G. Priest, Vianna Filho, R. Amreim and M. Skreta. M.T.P. Press Limited. Lancaster, England, 1980. P. 213-231. • ESTUDO DA CONDUTA DOS RESIDENTES DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTE OS ASPECTOS PSIQUIÁTRICOS DOS SEUS PACIENTES. Arquivos da Clínica Pinel. Vol. VI, no. 3. Setembro, 1980 • A FORMAÇÃO DO PSIQUIATRA. Neurobiologia. Recife, vol. 44, no. 3, p. 191-278. Jul-set, 1981. • ALCOOL, ALCOOLISMO E ALCOOLOGIA: DADOS HISTÖRICOS. Neurobiologia. Recife, V. 45, no.1, p.3-61, jan-mar.1982. • E A PSICOGÊNESE? – Vitrô. Vol. .1 e 3. Mar./abr./mai. Rio, 1997. Entre 1977 e 1979 foi a 1º. Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Neurologia Psiquiatria e Higiene Mental do Brasil. A partir de 1980, Membro da Comissão de Residência da Associação Brasileira de Psiquiatria. Na última década tem tido uma participação contínua no Conselho Editorial da REVISTA ABP-APAL (Associação Brasileira de Psiquiatria e Associación Psiquiatrica de La America Latina.) Em 2005 foi agraciada com a Medalha Maciel Monteiro, galardão maior da Sociedade de Medicina de Pernambuco ATIVIDADES LITERÁRIAS Maria Cristina dedicou sua infância aos livros. Elegeu o Tesouro da Juventude como seu primeiro brinquedo. Mais particularmente uma página ilustrada com bonecas de vários países do mundo. Conceber situações dramáticas para cada uma delas foi seu primeiro trabalho de ficcionista As histórias de Trancoso, ouvidas de negras “contadeiras” deixaram marcas fortes em seu espírito. O culto da genealogia familiar — costume de Vertentes, local onde morava — foi vivenciado como algo elevado, inatingível, misterioso, quase sagrado. Ela desejava desvendar esses mistérios. Em sua cidade quase todos eram parentes. Uns Cavalcanti de Albuquerque, outros Correa de Araújo. Os Cavalcanti descendiam de duques florentinos, primos de Guido, amigo de Dante. Filipe Cavalcanti emigrara para o Brasil, na primeira metade do século XVI, casando com Catarina, mameluca filha de Jerônimo de Albuquerque, tetraneto do Rei Dom Diniz. Correa de Araújo eram seus tios e primos além de um velho juiz, que quando jovem teria sido um bom poeta. Descendiam do ramo da família do Visconde de Camaragibe, do Engenho Poeta . Em Recife estudou em colégio de religiosas francesas. Logo dominou a língua e a literatura de suas educadoras. Admirou Racine e La Fontaine. Apaixonou-se por El Cid e por D’Artangnan e aprendeu que não devia ter vergonha de dizer que gostava de Alexandre Dumas, das Irmãs Brontë ou de Jane Austin. Lia Shakespeare, com seriedade enquanto preparava o vestibular de Medicina. A Bíblia; a obra de Proust; as tragédias d Eurípedes e os livros de Sterne tornaram-se leituras permanentes e marcas vivas em sua produção literária. Atendendo a um chamamento de suas memórias infantís desenvolveu um forte interesse pela genealogia. Um cuidadoso estudo da “Nobiliarchia Pernambucana” de Borges da Fonseca aliado ao generoso auxílio do Dr. Orlando Marques Cavalcanti de Albuquerque demonstrou ser possível nomear seus ancestrais desde os primórdios da História de Pernambuco até a rústica árvore genealógica dos parentes de Vertentes, datada de 1770. Durante cerca de 10 anos trabalhou em busca de um rigor metodológico. Um dia admitiu que desejava tornar agradáveis os textos genealógicos que produzia. Assim surgiu seu primeiro romance: O Magnificat. Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti, publicado em 1990 pelo Tempo Brasileiro e Fundação Gilberto Freyre. O MAGNIFICAT Trata-se de um romance escrito em elegante estilo epistolar. Sua estruturação revela capricho e cultivo de impasses técnicos, indispensáveis à criação dos melhores momentos literários. Seu enredo desenvolve-se a partir de cartas escritas por mulheres da família Cavalcanti de Albuquerque — ascendentes da autora. São personagens reais, com seus nomes citados nos livros de história ou no registro familiar da fascinante “nobiliarquia pernambucana”. Suas personalidades submetidas ao processo de recriação literária ganham vida. Suas cartas, escritas de uma geração para outra, entre 1600 e 1770 criam elos profundos entre elas. Um clima de sentimentos vigorosos, essencial à narrativa de fatos íntimos, permite a descrição dos principais acontecimentos da história de Pernambuco. “As coisas pequenas e mais comezinhas tornam-se o seu verdadeiro cerne, criando versões distintas dos registros oficiais”. A primeira narrativa fica com Catarina, a Velha, filha mameluca de Jerônimo de Albuquerque, o “Adão Pernambucano”, tetraneto do rei Dom Diniz, irmão de Dona Beatriz, casada com Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco. Jerônimo assume um importante papel no enredo dos primeiros capítulos. O longo veio epistolar inicia-se, portanto, com a narrativa de Catarina à sua neta Isabel Cavalcanti. A autora garantiu-lhe uma eloqüente participação verbal, por ser ela descendente de nativos ágrafos, amantes da tradição oral. A partir das confidências da avó a menina Isabel assume seu papel de memorialista: “Temendo que não exista em Pernambuco ninguém capaz de contar a história que começou com a chegada dos Albuquerque a este lugar…”. A invasão holandesa, a restauração pernambucana, a guerra dos mascates, as perseguições, paixões, crueldades e dramas íntimos fluem da pena de Isabel, destilando ironias e bom humor em seu estilo incisivo e circunvoluto. Seguem-se as cartas de suas sucessoras em sua interiorização, dos engenhos de açúcar para as terras de criação de gado do agreste e sertão pernambucanos. A estruturação do livro consolida-se com a intromissão da autora que, do século XX, escreve a Dona Isabel dando conta do seu trabalho genealógico. A presença do autor intruso, o caráter metaficcional e universal do O MAGNIFICAT garantem o seu lugar entre as obras pós-modernas como definidas pelos melhores críticos literários. A imprensa recebeu o livro com entusiasmo. Foram os seguintes as principais matérias publicadas sobre o mesmo: • MEMÓRIAS DIACRÔNICAS. Geraldo Pereira. Jornal do Commercio, 06/05/1990. • O MAGNIFICAT. Marcus Prado. Diário de Pernambuco. 13/05/1990 • O MAGNIFICAT. Alex. Jornal do Commercio. 15/05/90 • ACADÊMICAS. Gilberto Amaral. Correio Brasiliense. 2/05/90. • O MAGNIFICAT: TRES DESTAQUES. Roberto Cavalcanti de Albuquerque. Diário de Pernambuco. 01/07/90. • UM MAGNIFICAT DIFERENTE: Luzilá Gonçalves Ferreira. D.P.25/05/90 . • FICÇÃO, TEMPO & HISTÓRIA NO LIVRO DE CRISTINA. Marcus Prado. Diário de Pernambuco. 25/O5/90. • UMA VIAGEM AO MUNDO DA MULHER PERNAMBUCANA NO SÉCULO XVII. Diário e Pernambuco. 19/05/90 • UM LIVRO POLIÉDRICO E DIACRÔNICO. Mário Hélio. Suplemento Cultural do Diário Oficial. 07/90. • UMA CIRANDA NO TEMPO. Estephania Nogueira. Diário de Pernambuco. 17/08/90. • MAGNIFICAT. UM LIVRO QUE RESGATA A SAGA DE UMA FAMÍLIA LOCAL. Flávia Gusmão. Jornal do Commercio. 12/06/90. • UM MAGNIFICAT AOS ALBUQUERQUE. Vamireh Chacon. Diário de Pernambuco. 15/07/90. • O MAGNIFICAT MAGNÍFICO. César Leal. Diário de Pernambuco. 08/07/90 • PERNAMBUCANOS: OS MELHORES DE 1990. Diário de Pernambuco. 26/12/90. • BALANÇO POSITIVO PARA A LITERATURA EM PERNAMBUCO – “As memórias diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti integra a lista dos livros mais procurados. Jornal do Commercio. 26/12/90”. • OS ÚLTIMOS DIAS DE BEAUDELAIRE E A SAGA DE ANTIGA FAMÍLIA PERNAMBUCANA. Oswaldo Lopes de Britto. Diário de Ribeirão Preto. 24/01/91. • AUTORES PERNAMBUCANS REVISITADOS. Marcus Prado. 2/4/92. • CARTA OU CANTIGA PARA MARIA CRISTINA. Jomard Muniz de Britto. Revista Nordeste Econômico. Vol. 24. 04/93. PRÍNCIPE E CORSÁRIO.
Quase tudo o que Gaspar Dias Ferreira escreveu sobre João Maurício de Nassau, o Brasileiro. A Girafa, 2004. Obra fundamentada em vigorosa pesquisa histórica e estruturada com extrema habilidade romanesca. O livro ganhou um prefácio de Marcos Vinicios Vilaça da ABL e inúmeros artigos da crítica especializada de toda o país onde destacou-se a resenha de Wilson Martins – Nassau , o Brasileiro, publicado em O Globo. LUZ DO ABISMO. A Girafa, 2005. ( re-edição) com “orelhas” de José Neumanne Pinto. OLHOS NEGROS. Trabalho ainda inacabado baseado em personagens que viveram em torno do ciclo revolucionário pernambucano iniciado em 1817. LUZ DO ABISMO Cinco anos após, Maria Cristina conclui seu segundo livro, LUZ DO ABISMO (Edições Bagaço, 1966). Trata-se de um romance extraordinariamente bem estruturado onde o tema simples, aparentemente pobre — histórias da família Cavalcanti de Albuquerque e Correa de Araújo, radicadas no agreste pernambucano — é transformado em desafio literário bem temperado pelo fascínio dos velhos mistérios. O enredo inicia-se quando a autora é informada da existência de um livro de família, provavelmente os originais das memórias de Dona Isabel Cavalcanti. O documento teria se extraviado nos confins do tempo e das terras agrestes. A busca obstinada de seu objeto perdido leva a ficcionista a mergulhar na história de velhos parentes — entre a metade do século passado e a Segunda Guerra Mundial. Todos os personagens, membros de uma intrincada árvore genealógica, tiveram existência real bem como os dramas e comédias que compõem a narrativa. A novela é fortemente estruturada, costurada por grossas linhas de um tempo redondo que é apresentado ao leitor de um modo estilhaçado. Parecem ser instantâneos colhidos dentro de uma espiral em expansão. Na verdade, o próprio tempo parece ser o maior personagem desta obra. A autora (Maria Cristina) torna-se objeto das ruminações da narradora (Dona). Sua presença é uma constante no pensamento de Dona que relembra situações, sem nelas interferir, ao modo do coro nas tragédias gregas. A “autora intrusa”, também silente, é uma presença forte, objeto e sujeito da ficção. Esta técnica, característica do romance pós-moderno (“self–fiction” para os críticos americanos) difere da intromissão comum e discreta de tantos escritores em seus próprios textos, a exemplo de Machado de Assis. Enquanto a centenária Dona recorda, seu sobrinho octogenário (Nozinho), aliado de Maria Cristina é quem fala, exagera, enfeita, encanta, domina o trágico e o o cômico, incapaz de por ordem aos seus pensamentos estilhaçados. Ele é o narrador coadjuvante, percorrendo o tempo junto com a autora em busca do objeto perdido. Na opinião do crítico literário César Leal: “Há neste trabalho algo de novo, algo que o situa na metaficção historiográfica, uma forma de fazer arte surgida a partir dos anos 60…”. Foram os seguintes os principais artigos divulgados pela imprensa escrita sobre este livro: LUZ DO ABISMO: A FORÇA DA METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA. César Leal. Diário de Pernambuco. 16/09/95 • ROMANCE TEM FORÇA SELVAGEM. Robério Maracajá. Jornal do Commercio. 12/01/96 • TRÊS DESTAQUES LUMINOSOS. Mário Hélio. Jornal do Commercio. 26/10/96. • LUZ DO ABISMO. Roberio Maracajá. Jornal da Paraíba. 10/11/96. • LUZ DO ABISMO. UTI. SET-OUT,96 • ROMANCE NA ÁRVORE. Diário de Pernambuco. 12/09/96. • UMA NOVELA INOVADORA. Alves da Mota. Diário de Pernambuco. 14/12/96 • 96 TEVE BOAS NOVAS. Marco Polo. Jornal do Commercio. 29/12/96. • GANHOS LITERÄRIOS. José Rafael de Menezes. Diário de Pernmbuco. 28/12/96. • LANÇAMENTO DE LIVROS. José Geraldo Távora. Revista Oficina de Letras. No.9, março/97. • UM DEPOIMENTO SOBRE O AUTOR INTRUSO NO MAGNIFICAT E EM LUZ DO ABISMO. Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque. Revista Oficina de Letras. No. 10. Setembro/97. • UM TEMA PARA DEBATE. Adhemar Dantas. Jornal da Paraíba. 06/04/97. • MÚLTIPLAS VERDADES DE UMA HISTÓRIA FAMILIAR. Wilson Martins. O Globo. 31/05/97. Neste artigo, o grande crítico afirma: “Reconheçamos, desde logo, em Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque uma grande mestra do romance universal. LUZ DO ABISMO (Bagaço, 1966) é uma narrativa polissêmica…” • FESTA NO INTERIOR. José Nêumanne Pinto. Folha de Londrina. 29/07/97. • VIOLÊNCIA, MAS COM TERNURA. José Nêumanne Pinto. Jornal de Brasília, 11/7/97, Folha de Londrina, 21/08/97 e Jornal da Tarde, 8/8/97. • O RESGATE DOS ABISMOS. Selênio Homem. Diário de Pernambuco. 6/4/97. • TALENTO CELEBRADO. Leda Rivas. Diário de Pernambuco. 08/07/97. • LUZ DO ABISMO: DIREÇÃO MAIS AMPLA NA SAGA DOS ALBUQUERQUE. Vamireh Chacon. Diário de Pernambuco. 08/02/9 • O OLHAR FEMENINO NOS LIVROS. Nilda Pessoa. .Jornal do Commercio . 20/03/97. • ACERCA DE MEMÓRIA E ARTE. Edmundo Gaudêncio. Jornal da Paraíba. 01/09/97 • UM ANO MOVIMENTADO NA CENA LITERÁRIA. Mário Hélio. Jornal do Commercio. 31/12/97. • WILSON MARTINS NÃO DESISTE DA CRÍTICA. Norma Koury. O Estado de São Paulo. 26/7/97. Nesta entrevista quando perguntado pela literatura feminina o renomado crítico afirma: “Tem a Rachel de Queiroz, a Lygia Fagundes Teles, Clarice Lispector e Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque”. • LOUCOS NA LITERATURA: alguns personagens de “Luz do abismo. Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque. Vitrô. Psiquiatria. Vol 2, nº 2. Abr. maio, 1998 • O ULTIMO DOS REGIONALISTAS. Wilson Martins. O GLOBO. 25/4/98. No artigo, Wilson Martins afirma: “Pode-se falar a esta altura, de uma narrativa brasileira: Quarup (1967), Incidente em Antares (1971), Dora Doralina (1974), Os tambores de São Luiz (1975), Viva o povo brasileiro (1984), Luz do abismo(1966), A mão esquerda (1966) — são esses os grandes romances dos nossos dias, os que, em conjunto, deram outra definição às letras de ficção e que ficarão como marcos quilométricos da história literária.” • UMA NOVELA GENEALÓGICA. Ruy dos Santos Pereira. Suplemento do Diário oficial do Estado de Pernambuco. Ano XIII.Maio, 1999 • Em 14/04/00 foi entrevistada pelo jornalista Pedro Bial, no Programa televisivo Espaço Aberto, dedicado à literatura. Foi então reconhecida como um expoente da literatura brasileira que “o sul do país não poderia se dar ao luxo de ignorar”
Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque é sócia do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES), União Brasileira de Escritores (UBE-PE.) Atualmente dedica-se ao seu terceiro romance, novela em torno do príncipe João Maurício de Nassau.