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Cinema, Aspirinas e Urubus
Pernambuco na briga pelo Oscar Publicado em 21.09.2006 (JC online) Cinema, aspirinas e urubus, primeiro longa-metragem do diretor Marcelo Gomes e produzido no Estado, é o filme indicado pelo Brasil KLEBER MENDONÇA FILHO Depois de uma das carreiras mais recheadas de vitórias que um filme brasileiro teve ao longo dos últimos anos, Cinema, aspirinas e urubus meio que encerra o seu turno com a indicação anunciada ontem, pelo próprio Brasil (via Ministério da Cultura), como o filme nacional que deverá ser considerado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ao Oscar. Não significa que o filme será obrigatoriamente indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro quando anunciadas as indicações no póximo dia 23 de janeiro de 2007, mas que a academia poderá escolhê-lo, uma vez que o Brasil decidiu destacá-lo oficialmente entre todos os outros filmes nacionais lançados ao longo do último ano. Sabe-se que o filme pernambucano sobre a interessante amizade entre um brasileiro e um alemão (João Miguel e Peter Ketnath) no Sertão dos anos 40 concorreu com treze outros títulos, submetido pelos seus produtores ao MinC. Foram eles A máquina (do pernambucano João Falcão), Árido movie (do também conterrâneo Lírio Ferreira), Anjos do sol, Bens confiscados, Cafundó, Depois daquele baile, Doutores da Alegria, Estamira, Irma Vap – O retorno, O maior amor do mundo, Tapete vermelho, Vida de menina e Zuzu Angel. Filmado no Sertão da Paraíba e projetado pela primeira vez em Cannes na mostra paralela Un Certain Regard (Um Certo Olhar), o filme do pernambucano Marcelo Gomes estreou nacionalmente há exatamente um ano, no Festival do Rio 2005, evento cuja versão 2006 tem início hoje. Depois, foi na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que o longa tornou-se a primeira produção brasileira a vencer o primeiro prêmio daquele festival nos seus 29 anos de realização. Lançado nos cinemas em novembro do ano passado, o filme de Marcelo Gomes foi visto por cerca de 120 mil espectadores no Brasil, uma marca respeitável para um filme de pequeno porte, sem massificação ou atores globais, e lançado com apenas dez cópias. Em termos comparativos, um lançamento grande como O código Da Vinci faz mais de quatro milhões de espectadores com cerca de 450 cópias. “Fiquei surpreso, acreditava que O maior amor do mundo, de Carlos Diegues, seria o escolhido”, disse o produtor João Jr. ontem por telefone à reportagem do Jornal do Commercio. Ele estará embarcando para o Rio na próxima semana onde marcará presença na estréia nacional de O Céu de Suely, filme que estreou no último Festival de Veneza, segundo longa de Karim Ainouz (Madame Satã), amigo de Gomes e também co-roteirista de Cinema, aspirinas e urubus. Os dois filmes tiveram como produtor João Jr., da Rec Produtores Associados, que também prepara ao lado de Cláudio Assis o seu novo longa, Baixio das bestas, que, muito provavelmente, terá sua première nacional no próximo Festival de Brasília, em novembro. “A idéia de submeter o filme para a consideração do MinC foi do distribuidor (Imovision) e da produção, pois na eventualidade de isso acontecer, daria mais visibilidade ao filme, disse Gomes ao JC de São Paulo, informando com isso que o filme estará voltando ao cartaz na próxima semana. “Cinema, aspirinas e urubus terminou não sendo visto em muitas praças, como Caruaru e Petrolina, e tantas outras cidades do Brasil”, comemora o diretor, que ficou ao mesmo tempo surpreso e superfeliz com a indicação.

Sobre a escolha do MinC, ela pode ser descrita como sã e dotada de bom gosto. Cinema aspirinas e urubus não é exatamente o tipo de filme que alguém automaticamente associaria a uma estatueta dourada em Hollywood, mas é um filme que tem perfil e nível internacional, e isso pode incluir o Oscar. É um pequeno filme autoral, de uma filmografia regional (a brasileira) e que parece prezar o “menos como mais”, algo que não chama a atenção em nenhum dos seus concorrentes de indicação nacional acima listados.