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Engenho Poço Comprido, em Vicência, tombado pelo IPHAN, foi revitalizado

para receber turistas

Marcada pela tradição dos engenhos de açúcar e das manifestações da cultura popular, a Zona da Mata Norte de Pernambuco encontra meios para aquecer a economia da região através do incentivo ao turismo, como alternativa para o desenvolvimento sustentável. Os canaviais ainda dominam a paisagem do lugar, enchendo de verde as planícies e montanhas onde casas grandes e senzalas resistem ao tempo. Até a metade da última década, o açúcar representava 60% das exportações pernambucanas, mas, em 2000, esse número caiu para 26%. A retomada do álcool como alternativa de combustível é um fator que favorece as usinas e os pequenos produtores de cana, mas a tentativa de atrair visitantes – através de roteiros ecológicos, histórico-culturais e religiosos – é o objetivo do Governo do Estado, com o lançamento da Rota Engenhos e Maracatus, que contempla 19 municípios e 90 atrativos turísticos da região. A elaboração dos roteiros turísticos exigiu um investimento de R$ 10 milhões para a realização de adaptações e melhorias, nas zonas rurais e urbanas, além da divulgação da nova rota, lançada, oficialmente, ontem à noite, na fábrica da Cachaça Carvalheira, no Recife. Através da parceria entre o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco (Promata), a secretaria estadual de Turismo e a Empetur, a idéia foi posta em prática com a capacitação de guias de ecoturismo, abertura de trilhas nas matas, implantação de estradas, sinalização rodoviária e turística, apoio à produção de artesanato, restauração de antigos engenhos e construção de novos atrativos, como o Parque dos Lanceiros, um espaço com pequeno museu do Maracatu, palco para apresentações culturais e ampla arquibancada, decorado com esculturas de caboclos-de-lança, assinadas pelo artista plástico Cavani Rosas. Ao percorrer as estradas que ligam Nazaré da Mata, situada a 65 quilômetros do Recife, aos municípios vizinhos de Tracunhaém, Carpina, Vicência e Aliança, o viajante se surpreende com os extensos canaviais, as usinas, os engenhos (com seus quatro elementos básicos: casa grande, senzala, moita e capela), sedes de maracatus (como o Ponto de Cultura de Aliança, onde o mestre Zé Duda comanda o Maracatu Estrela de Ouro) e ainda um museu e algumas fábricas de cachaça, uma das especialidades da região. Em Vicência, a cachaçaria Água Doce está aberta à visitação. Lá, já se produziu também açúcar, rapadura e mel de engenho. Após conhecer as diversas fases da produção, há degustação de cachaças e licores, além do imperdível caldo de cana gelado.

Mas o forte mesmo dos roteiros históricos são os antigos engenhos. Muitos deles estavam abandonados, com as estruturas ameaçadas e habitados apenas por morcegos. Arquitetos foram contratados para revitalizá-los e agora já dispõem de visitas guiadas. O engenho Poço Comprido, em Vicência, uma construção do século 18 – que já serviu de refúgio para Frei Caneca, líder da Confederação do Equador (1825) –, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ganhou reforma. Paredes pintadas de branco, detalhes em azul nas portas e janelas, tudo como no original. Esse é um dos raros engenhos que têm uma característica curiosa: da casa grande para a capela, existe uma passagem para que a família dos senhores de engenho não se misturassem aos escravos. Já a senzala não está mais lá, mas, segundo os pesquisadores, os baobás (árvores africanas) denunciam o possível lugar que ela ocupava.

Hospedagem é feita nos próprios engenhos seculares A exemplo do que acontece em diversos países da Europa, onde hotéis e pousadas são instalados em antigos conventos, castelos e palácios, os visitantes que chegam à Mata Norte já podem se hospedar em autênticos engenhos, para sentirem a atmosfera da época áurea da indústria açucareira em Pernambuco. No engenho Cueirinha, em Nazaré da Mata, os quartos estão distribuídos entre a casa grande e os chalés, que dão para um enorme açude, cujas margens têm ainda um píer e uma graciosa capela. No município de Vicência, o engenho Jundiá está localizado ao pé de uma colina que recebe os tons em verde e amarelo, com os Paus D’arco floridos. No topo da montanha, fica a capela de Nossa Senhora da Conceição, de onde se tem uma das mais belas vistas sobre os canaviais. Na casa grande, o mobiliário de época (1882) está em perfeitas condições de conservação e é mantido na mesma posição em que estava quando as sinhazinhas ainda circulavam por ali. Uma outra atividade bastante comum nos engenhos é a pescaria. No engenho Pedregulho, em Nazaré da Mata, o Pesque e Pague funciona aos domingos. Depois da brincadeira, os peixes podem ser preparados e servidos no restaurante. Durante a semana, é necessário agendar a visita. Serviço

Eco-Resort Fazenda Engenho Cordeiro – no Km 10 da PE-90, logo após Carpina – (81) 3621.8188

Engenho Jundiá – acesso pela BR-408, em Vicência – (81) 9984.3096
Engenho Água Doce – no Km 10 da PE-74, em Vicência – (81) 3641.1257
Pousada Engenho Cueirinha – a 6 Km da cidade de Buenos Aires – (81) 9948.1586/ 9617.4969
Engenho Poço Comprido – acesso pela BR-408 e PE-74, em Vicência – (81) 9916.9612
Usina Laranjeiras – acesso pela BR-408, em Vicência – (81) 3641.1635
Engenho Uruaé – acesso pela BR-101, em Goiana – (81) 3227.0579
Museu da Cachaça – município de Lagoa do Carro – (81) 3621.8208
Engenho Massaranduba (Aparauá) – acesso pela PE-49, em Goiana – (81) 3641.1635