A Batalha vista pelo Exército O Brasil foi alvo de tentativas estrangeiras de conquista durante o período colonial. A de maior duração é amplitude territorial foi conduzida por holandeses, que se iniciou em 1630 e teve fim em 1654, dominando nesse período boa parte do Nordeste. A reação que levou à expulsão definitiva do invasor tomou impulso em 1645. Naquele ano, portugueses e brasileiros de todos os matizes e estratos sociais deram vida à Insurreição Pernambucana. Na proclamação dirigida aos estrangeiros, pela primeira vez na nossa história, a palavra pátria foi usada para referir-se ao torrão a ser liberado. O passo inicial do movimento rebelde foi organizar o seu braço militar, o Exército Patriota, integrado por índios, negros, brancos e mestiços de todas as classes. O momento culminante vivido por aquele povo em armas foi a 1ª Batalha dos Guararapes, ocorrida em 19 de abril de 1648, quando os patriotas, carentes de meios, mas plenos de determinação, derrotaram as tropas holandesas de ocupação, dotadas com os mais modernos instrumentos de guerra que havia na época. Prodígio de criatividade, ousadia e bravura, a vitória de 350 anos atrás é muito mais que um inconteste feito militar, um fato histórico, de nossos antepassados. Sem nenhum auxílio da Côrte Portuguesa, mas impelidos por arraigado sentimento de amor à terra e unidos num rijo amálgama de raças, eles combateram movidos por estrangeiro, foram plantadas as sementes da nacionalidade brasileira. Assim está registrado o primeiro empreendimento genuinamente nacional no alvorecer de nossa história e por isso, um fato repleto de simbolismo. O Exército permanece fiel ao legado de heróis de Guararapes, entre eles Barreto de Menezes, Vidal de Negreiros, Fernandes Vieira, Antonio Dias Cardoso, Felipe Camarão e Henrique Dias que, ao vencerem uma batalha, também lançaram as bases de uma realidade histórica e geográfica que desabrocharia soberana, 174 anos depois, às margens do Ypiranga: a grande Nação brasileira. A voz que vem dos Montes Guararapes, fala-nos de fé, de trabalho árduo, de imaginação criadora; fala-nos de união e persistência diante das dificuldades; diz-nos que é possível construir em nosso País-continente uma civilização moderna, justa e bem-sucedida.
Que essa voz encontre eco nos corações e nas mentes de todos nós.
Fonte: Jornal do Comercio – Recife, 20 de abril de 1998
|