Memorial Pernambuco : História de Pernambuco

Todos os movimentos de conjuração refletiram a insatisfação e a inquietação que atingia a Colônia. No entanto, naquele momento, apresentavam-se como manifestações regionais. Não havia o sentimento de libertar o Brasil, apenas o desejo de libertar a região. A dificuldade dos meios de transporte, ocasionando a formação de núcleos isolados, que mal se comunicavam, e o analfabetismo faziam com que o acesso às idéias liberais francesas fosse privilégio de muito poucos.

As “infames idéias francesas” alcançaram também a Capitania de Pernambuco. Em 1798, o padre Arruda Câmara fundou uma sociedade secreta chamada Areópago de Itambé, provavelmente ligada à Maçonaria, que “…tinha por fim tornar conhecido o Estado Geral da Europa, os estremecimentos dos governos absolutos, sob o influxo das idéias democráticas…” Em 1801, influenciados pelos ideais republicanos, os irmãos Suassuna, Francisco de Paula, Luís Francisco e José Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque, proprietários do Engenho Suassuna lideraram uma conspiração que se propunha a elaborar um projeto de independência de Pernambuco. Os conspiradores foram denunciados e presos e, mais tarde, libertados por falta de provas. fonte: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/tema14.html Napoleão em Pernambuco Filme pernambucano em produção revela detalhes de episódio histórico obscuro Ivana Moura Da equipe do DIÁRIO

No finalzinho de 1817, chegava em Baia Formosa (RN) um navio de bandeira norte-americana. Nele vinham um conde e três militares franceses, que traziam a Pernambuco – destino final do quarteto – muito mais do que algumas armas e roupas, que estavam na bagagem. Eles traziam esperança. Estavam aqui, na verdade, para examinar um plano mirabolante e romântico, construído pelos líderes da revolução que tentara, meses antes, instalar uma República em Pernambuco: retirar Napoleão Bonaparte da ilha de Santa Helena, onde estava preso, para liderar a próxima rebelião pernambucana em busca de liberdade. O episódio, sobre o qual a História oficial pernambucana não menciona uma só palavra, é até hoje alvo de controvérsias entre os historiadores pernambucanos. Poucos corajosos – entre eles o falecido Nilo Pereira, que estudou e escreveu um artigo comentando o assunto com riqueza de detalhes – foram em frente na discussão e perceberam o caráter insólito do acontecimento. O cineasta Germano Coelho Filho foi um deles. O planoda fuga de Napoleão é o gancho principal para o primeiro filme que Germano (produtor do premiado Baile Perfumado) pretende dirigir: 1817. Mais um resgate histórico protagonizado pelo cinema pernambucano.

Napoleão Bonaparte foi uma espécie de salvador da França. Depois da Revolução Francesa (1789), Napoleão era a figura política mais importante daquele mundo em expansão. Caminhou feito Deus sobre território alheios e venceu a quase todos os inimigos durante anos. Em 1798, conquistou o Egito. No ano seguinte, tomou o poder, com o objetivo fixo de dominar a Europa. Esse plano, sem que soubesse, iria causar reflexos profundos no planeta – inclusive em Pernambuco. Em 1804, Napoleão coroou-se imperador da França, que invadiu Portugal em 1807. A conquista era estratégica, já que Portugal, por ficar à beira do oceano Atlântico, tinha o monopólio quase exclusivo (à exceção da Espanha) sobre o comércio marítimo. Por causa de Napoleão, a família real portuguesa fogiu para o Brasil. Napoleão só caiu mesmo 1812. Naquele ano, ele decidiu invadir a Rússia, mas terminou batendo em retida em novembro, diante do grande inverno. Finalmente, a queda: o ex-poderoso perdeu a batalha de Waterloo (na atual Bélgica), para os ingleses, em 1815, e acabou exilado na ilha de Santa Helena. IMPOSTOS ALTOS Enquanto isso, no Brasil, a Corte portuguesa impunha alta carga de imposto aos brasileiros. As idéias liberais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) e da Independência dos Estados Unidos (1776) fervilhavam nas mentes dos intelectuais da época. Uma classe formada principalmente por integrantes do clero e filhos dos senhores de engenho que foram estudar na Europa. Pela independência brasileira já tinham sido feitas muitas tentativas: a expulsão dos holandeses, a revolta de Beckman, os Emboabas e os Mascates, a Inconfidência Mineira, a Revolução dos Alfaiates, a Conspiração dos Suassunas. Pernambuco era considerado o reduto mais liberal do Brasil, a mais nativista das províncias brasileiras. Além disso, os impostos mais altos pesavam sobre os senhores de engenho, enquanto o comércio – nas mãos dos portugueses – tinha benefícios fiscais e os ingleses gozavam dos privilégios dos cargos na Corte. Em 6 de março de 1817 explodiu a revolução. Um governo provisório foi instalado e funcionou durante 74 dias, inclusive com a criação de uma bandeira. O que poucos sabem é que, quando fundaram a República, os rebeldes foram buscar apoio nos Estados Unidos, uma nação emergente. Naquela época, o porto do Recife era um centro comercial e escoadouro da produção da região nordestina. Fascinados pela epopéia napoleônica, os revoltosos desejavam romanticamente o auxílio do ex-imperador francês para manter a independência. O raciocínio era simples: se Napoleão já tinha expulsado os portugueses de seus próprio país, não seria difícil fazer o mesmo no Brasil. Em troca, o ex-imperador teria liberdade para fundar um novo império, uma espécie de império de exilados. O tempo acabou provando o excesso de romantisco – típico da época – dossonhadores revolucionários. Entre a revolução de 1817 e proclamação definitiva da República passaram-se ainda 72 anos. Mas a influência de Napoleão sobre os pernambucanos e brasileiros desejosos de liberdade já estava registrada desde a conspiração dos Suassuna, em 1801. O ex-imperador francês continuou, por muito tempo – mesmo depois de morto – era um verdadeiro símbolo das liberdades no alvorecer do século XIX. fonte: http://www.dpnet.com.br/anteriores/1998/03/11/viver1_0.html