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História do Recife
por Leonardo Dantas
    

NASSAU E O RECIFE

Em 23 de janeiro de 1637, o conde João Maurício de Nassau-Siegen chegou ao Recife, na qualidade de governador do Brasil Holandês a serviço da Companhia das Índias Ocidentais.  Em janeiro de 1997, decidiu-se, no âmbito da Prefeitura da Cidade do Recife, de que este seria “o ano Maurício de Nassau”. Muita coisa se falou, mas eis que agora, faltando poucos meses para o final desse ano, apenas a Assessoria de Bibliotecas da Fundação de Cultura Cidade do Recife, através da professora Gilda Verri, teve a iniciativa de promover um simpósio e uma exposição sobre a importância de João Maurício de Nassau em nossa cidade.  Na verdade, muito pouco para a dimensão da memória daquele que se tornou lenda no imaginário do nosso povo, com a figura do seu boi voador; do criador da Cidade Maurícia, responsável que foi pelo traçado urbanístico dos atuais bairros de Santo Antônio e São José, onde construiu diques, pontes, palácios e jardins; do João Maurício, que, de tão amado, teve o seu nome perpetuado através dos filhos das famílias mais ilustres da terra pernambucanas; do João Maurício que fora chamado pelos contemporâneos de “Santo Antônio”, o padroeiro das coisas impossíveis.  Em 1979, quando do transcurso do tricentenário do seu falecimento, ocorrido em 20 de dezembro de 1679 na sua propriedade de Berg und Tal, nos arredores de Cleve, na Alemanha, foram editados no Recife o álbum de gravuras O Brasil que Nassau conheceu (Coleção Pernambucana v. 20) e a notável obra de Gaspar Barlaeus, História dos feitos recentemente praticados no Brasil etc. , uma espécie de relatório dos sete anos do seu governo, magnificamente ilustrado com lâminas desdobráveis assinadas por Frans Post e mapas de autoria de George Marcgrav e Sebastianzoon Cornelis Goliath.  O Recife veio a exercer um fascínio todo especial ao conde João Maurício de Nassau, que passou a ser conhecido pelo apelido de “O Brasileiro”. Lembra José Antônio Gonsalves de Mello, em sua apresentação à edição recifense do livro de Gaspar Barlaeus, que ao regressar à Holanda o conde levou consigo, além de um mobiliário talhado em marfim em Pernambuco, bem como de um apreciável acervo de obras de arte assinadas pelos artistas de sua comitiva, outros objetos ditos menores. De sua relação se depreende o gosto do conde por coisas da terra pernambucana. Assim estão relacionados entre seus pertences toros de jacarandá torneados, pranchas de pau-santo, pau violeta e outras madeiras, outros produtos curiosos para o observador dos nossos dias: sete botijas de farinha de mandioca, 103 barriletes de frutas confeitadas; quatro barris contendo conchas e seixos do Cabo de Santo Agostinho.  Lembra ainda a mesma fonte, citando depoimento contido no livro de memórias de Sir William Temple (1628-99), Embaixador da Inglaterra junto ao Reino dos Países Baixos, “recordo o velho Príncipe João Maurício de Nassau que se tinha acostumado com as redes do Brasil e continuou a usá-las freqüentemente ao longo de sua vida, quando sofria de cálculos ou gota e era de opinião que melhorava e conseguia dormir pelo movimento e balanço dessas camas aéreas”. Em sua propriedade rural nos arredores de Cleve, o então Príncipe João Maurício de Nassau, conservava um baú com recordações do Brasil, criava um papagaio e costumava dormir em “uma rede de pano de linho brasileiro bordado e guarnecido de amarelo

Fonte:www.fundaj.gov.br

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