O artista Elezier Xavier teve uma infecção generalizada
O artista plástico pernambucano e professor Elezier Xavier morreu, na última
quarta-feira, às 22h25, de infecção generalizada, na UTI do Hospital
Português. Ele tinha 91 anos e já estava internado desde segunda-feira na UTI
do Português. Há 13 dias, havia sido hospitalizado por problemas
respiratórios, especificamente, pneumonia. Antes do Português, passou pelo
hospital do Ipsep e seu conveniado Metropolitano, São Lucas.
Reconhecido como um dos maiores aquarelistas brasileiros, Elezier era viúvo
e deixou cinco filhos, netos e uma bisneta. O velório, realizado durante toda a
quinta-feira na capela do Hospital Português, reuniu amigos, políticos e
artistas. Todos compareceram para prestar a última homenagem ao pintor.
Xavier foi enterrado às 16h30 de ontem, no Cemitério de Santo Amaro.
Pernambucano de Triunfo, Elezier Xavier nasceu em 5 de fevereiro de 1907.
Em fins da década de 20, mudou-se para o Recife, época em que já pintava.
Interessado em ampliar o conhecimento na arte, investiu em curso de
desenho no Liceu de Artes e Ofícios, do Rio de Janeiro. Mas foi basicamente
um criador autodidata. Pintava em óleo sobre tela, mas sua técnica preferida
sempre foi a aquarela.
O artista imortalizou paisagens de Pernambuco e do Recife. “Os casarões, os
jardins, tudo que pudesse ser a memória do Recife, ele pintava”, disse
Cristina Xavier, filha do artista. Segundo ela, a família do pintor ainda não se
definiu sobre o que fazer para preservar as obras e o trabalho dele. Na casa
onde morava, mantinha um instituto cultural, onde mantinha ateliê e dava
aulas de pintura e desenho geométrico.
O acervo do artista guarda mais de 300 telas. Pintor de nome nacional e
internacional, Elezier fez escola e sempre lembrado como um mestre da
aquarela no estado. Sua obra está espalhada por vários países, a exemplo da
França, Estados Unidos, Áustria, Portugal, Alemanha, Inglaterra, Suíça e
Japão. “O nome dele vai continuar vivo”, garante o filho Paulo Xavier.
Para o amigo Luís Pessoa, restaurador, Elezier Xavier era um grande artista.
“Ele gostava de retratar o Recife. Pintava jardins e fez a ilustração do livro
Apipucos: O Que Há Num Nome?, do sociólogo Gilberto Freyre. Era,
sobretudo, um grande caráter”, conclui Pessoa. Durante o governo Sarney, o
pintor recebeu a comenda Barão do Rio Branco, da Presidência da República,
na mesma cerimônia em que foi agraciado Pelé.