Nação Pernambuco

Maracatu Nação Pernambuco

Nação Pernambuco agita o Varadouro

Ivana Moura
Da equipe do DIÁRIO

Durante dois meses, do final de agosto ao começo de outubro, o Maracatu Nação Pernambuco circulou pela Europa para seduzir os gringos. Foi a terceira turnê internacional. De volta, o trabalho continua com mais fôlego. O grupo pega no batuque pesado e já neste domingo retoma o projeto Folia Real, a partir das 18h, no Mercado Eufrásio Barbosa (Mercado do Varadouro). Depois de reverenciar os mortos, neste dia de finados, a proposta é louvar a vida. O Folia Real vai acontecer uma vez por mês, até o Carnaval, e reafirma sua ligação com as manifestações populares e traça parcerias com grupos de ciranda e coco. Nação promete arrebentar. São onze batuqueiros, dez bailarinos, três sopros, teclado e baixo, quatro cantores no coro e solos de Lázaro, Fátima e Amélia. O show, Batuque da Nação, é o mesmo apresentado na Espanha, Alemanha, Holanda e Suíça.

O projeto começou em 1993, com apresentações mensais no Mercado do Varadouro. Em 96, foi suspenso pela Prefeitura de Olinda, para a reforma do local. Nesse intervalo,o Nação investiu na carreira internacional. Participou da Bienal Internacional de Dança de Lyon, na França e multiplicou contatos com curadores de festivais mundiais.

Da turnê por 22 cidades espanholas, seis alemãs, Holanda e Suíça, o Maracatu Nação Pernambuco já fechou a próxima viagem fora do Brasil: vai fazer shows num castelo da Alemanha entre 20 de junho e 2 de agosto do próximo ano e contatos com o organizador do Festival de Montreux.

O movimento de aglutinação em torno da cultura pernambucana ganha um reforço com o lançamento do projeto piloto Rádio Nação. A estrutura é de um programa radiofônico, com músicas de grupos e bandas emergentes ou ainda fora do circuito comercial. A intenção é que o roteiro seja o mais abrangente possível, com apresentação do locutor Sérgio Gusmão, intervalos comerciais de interesse público (como campanhas de saúde), e intervenções humorísticas a cargo do músico Zé da Flauta.

“De uma certa forma, a Rádio Nação é uma crítica a falta de espaço para a música pernambucana nas rádios locais, do domínio do som massificado, e do círculo vicioso que não se consegue quebrar”, explica Felipe Santiago, um dos diretores do Maracatu. Em Ufafabrik, uma comunidade cultural alemã em Berlim, o grupo gravou 80% do próximo disco, ainda sem nome. O repertório traz músicas do primeiro disco, ainda em vinil e com número reduzido de cópias.

Diário de Pernambuco, Recife, 1/nov/1997