Soparia comemora seis anos

Soparia comemora seis anos (1)

Michelle de Assumpção
Da equipe do DIÁRIO

Quando o ex-representante de gravadora Roger de Renor resolveu abrir um bar para vender sopas e fazer shows, o bairro do Pina ainda não era Pólo Pina. Depois que virou pólo, serviu somente, na visão dos comerciantes mais antigos do local, de bandeira para alguns políticos ganharem pontos com o sucesso do lugar. Por este motivo, no cartaz de divulgação da festa de seis anos da Soparia, que acontece hoje, a partir das 21h, Roger escreveu no cartaz: “Pólo Pina não existe. Isso é coisa que botaram na cabeça da prefeitura”.

O aniversário da Sopa será comemorado com dois shows, em palco armado no meio da rua. Ninguém precisa pagar nada para assistir às apresentações da Cavalo do Cão e Via Sat, que também estão fazendo tudo de graça para o amigo Roger. “A gente decidiu fazer algo contra essa história de Pólo Pina, porque quem inventou esse rótulo nunca deu nenhum incentivo para os comerciantes locais”, diz Roger. Ele conta que a maioria dos comerciantes que abriram negócio naquele pedaço, depois de ser chamadoPólo Pina, faliram. Aconteceu com o Filé Miau, República Etílica, Porto Pina, Humberto’s, entre outros.

A Soparia, desde de sua criação, deu espaço para que grupos locais divulgassem sua música. Não seria diferente seis anos depois. Neste ano, a Sopa realiza o segundo festival Abrindo o Gás, tipo semana pré do Abril Pro Rock. Na ocasião, apresentam-se bandas quase desconhecidas do grande público, mas com um futuro promissor. Ano passado, o festival revelou a Capitão Sevéro. Este ano, tocam as bandas Cuidado com o Cão, de João Pessoa, Cidadão Instigado, Tragédia Grogue, General Frank, Diabo a Quatro, Má Companhia e Chão e Chinelo.

O músico e produtor Zé da Flauta lançará o Prêmio Charque, uma brincadeira para premiar as bandas locais em categorias como “maior nome da música pernambucana”, na qual concorrem Paulo Francis Vai Pro Céu, Jorge Cabeleira e o Dia em Que Seremos Todos Inúteis, Dona Margarida Pereira e os Fulanos, entre outras. Vai rolar prêmio ainda para melhor banda com nome de bicho, com nome degente, melhor banda de forró com mel, entre outras.

O festival, no entanto, não deverá acontecer por muito tempo. Em junho do ano 2000, acaba-se o contrato de Roger com a proprietária do imóvel e a Soparia irá fechar. O contrato não poderá mais ser renovado pois o empresário João Santos, proprietário de todo o quarteirão onde está localizada a Sopa, pretende construir um grande shopping no local. Roger também não pretende abrir a Sopa em outro local. Com a credibilidade que já adquiriu na cidade, ele irá investir na área de produção.

SERVIÇO

Festa Seis Anos da Soparia. Shows com Cavalo do Cão e Via Sat Hoje, às 21h, na Soparia do Pina.

Jam para sacudir a Soparia

O esquente para o Abril Pro Rock detonado por Roger na Soparia (Pólo Pina) traz hoje o mangue envenenado da Via Sat, o groove funkeado da Eletrosoul, e o psicodelismo de Cidadão Instigado. A última noite do segundo ano do projeto Abrindo o Gás termina com uma jam com participação de Wander Wildner e de integrandes das bandas Acabou La Tequila, Tiroteio e Funk Fuckers, que já estão na manguetown para participar do Abril Pro Rock. Os shows começam às 22h e a entrada é grátis.

Um dos destaques da noite será a Via Sat, que servirá um caldo quente de quatro músicas novas, entre elas Girando em Círculo (que tem conotação de samba-de-roda) e Samba Fantasia (com sampler de base e voz de James Brown), que farão parte do próximo CD, a ser gravado no final do mês. Segundo o vocalista Pácua, o show terá o mesmo pique das últimas atrações da banda, como o realizado no Recife In rock, quando participaram do lançamento do CD Rock da Cidade.

A Eletrosoul, que tem agitado as domingueiras em Barra de Jangada, mostra as músicas do CD demo gravado em São Paulo por Eduardo Bid – Conspiração, Minha Garantia – e as mais curtidas pelos fãs da banda – O Homem Bebe, Fogo, Baile Pra Dar. A surpresa da noite fica por conta da cearense Cidadão Instigado, que faz um som chegado ao psicodelismo e usa zabumba e percussão no lugar da bateria.