TUCAP – Uma história teatral de sucesso em Pernambuco – 1971 – 1975

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Teatro da Universidade Católica
de Pernambuco
1971 – 1975

 

Parto de Música Livre do Nordeste

Teatro de Santa Isabel – 22 de junho de 1973


Tamarineira Village e Marco Polo
(da esquerda para a direita): Israel Semente(percussão),
Paulo Rafael(violão solo) e Marco Polo (violão e voz).

“O Tamarineira Village é composto de seis músicos, liderados por Marco Polo, que tem preocupações culturais e musicais que o levam ‘do samba de breque ao rock com o baião no meio’ e que tem letras diabólicas, que falam sobre vampiros, monstros, mortos e surrealismo, além de curtas incursões no trivial. ‘O movimento de música que a gente está vendo agora é uma euforia , que pode ou não vingar, ter frutos” (Antonio Arrais, Jornal da Semana, 1 de julho de 1973).


Bruscky e a Múmia

“O palco do Teatro Santa Isabel escureceu e ao voltar a luz, um delírio de mais de cinco minutos tomou conta das 1.200 pessoas que assistiam ao Parto de Música Livre do Nordeste: uma múmia, curvada sobre um microfone emitia sons abstratos, enquanto o autor da ‘música’, o também pintor Paulo Bruscky, de costas para a platéia, colocava em funcionamento um gravador cassete junto a outro microfone, reproduzindo sons abstratos, gritos, a representação – segundo ele, literal- de um parto. A ‘música’ que ele chama de ‘Onomotopalco e ele ainda está vivo’ ou ‘A dor do parto’ e sua representação, marcada pelo uso de luzes estroboscópica, foi o ponto alto do Parto. (Antonio Arrais, Jornal da Semana, 1 de julho de 1973).

O Parto durou pouco mais de 3 horas, terminando de madrugada, sem a platéia arredar pé do Teatro Santa Isabel. O Parto teve alguns problemas com a Polícia Federal. Lembre-se: estávamos da Ditadura, – com o ditador Médici atrás de comunistas e fantasmas. Flaviola cantou uma música de tema homossexual, dizendo ‘você me lamba, me chupa’, atrevida para a época. Foi suspenso de cantar, pela Censura Federal, durante alguns meses. Marco Polo foi chamado dias depois, pela Polícia Federal, para explicar que cigarro artesanal era aquele que ele fumou e apagou no proscênio do palco. ‘Era fumo de tabaco normal”, explicou Marco. Eu e Tonico, no dia seguinte, fomos ‘convidados’ a ir na Polícia Federal explicar os incidentes. Leia-se: ‘convidar’ = prisão. Nunca mais tivemos um evento tão marcante como o Parto, com os melhores músicos, compositores e instrumentistas de Pernambuco (Don Antonio)